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Origem da coordenação pedagógica
A origem da coordenação pedagógica é mencionada por diversos autores (DOMINGUES, 2009; FERREIRA, 2012; SAVIANI, 2010) desde o começo da educação jesuíta, relacionando a coordenação ao cargo “prefeito geral de estudos”, que tinha diversas funções e entre elas, ouvir e observar os professores. -
Profissional fiscalizador
Com o fim da monarquia e o início da República houve diversas reformas educacionais e há a predominância de um profissional que vigiava e verificara, esclarecendo junto à administração o andamento da escola. -
Discussão pela criação do cargo
Desde 1920, discutia-se entre os governantes e intelectuais da educação a criação de um cargo que exercesse a orientação pedagógica nas escolas, já que a realidade vivida no cotidiano escolar demonstrava essa necessidade -
Criação do cargo: técnico da educação
Em 1930, alguns estados, como Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal criaram essa função com o nome de “técnico da educação”. Este profissional se formava a partir do curso de Pedagogia, criado para a formação de docentes para o curso normal e influenciado pelas ideias do movimento escolanovista. -
Surge a habilitação em Supervisão Pedagógica
Em 1957 foi implantado o Programa de Assistência Brasileiro-Americano ao Ensino Elementar (PABAEE), surgindo assim a habilitação Supervisão Pedagógica -
Exigência de curso superior para o cargo
Em 1968, o governo militar promulgou a Lei 5540/68, na qual está especificado que o preparo de especialistas aconteceria em nível superior. -
Supervisor como burocrata a serviço da Pedagogia Tecnicista
Com o golpe militar de 1964 ,instaura-se uma Pedagogia Tecnicista consonante aos objetivos do regime militar, priorizando uma educação voltada às necessidades capitalistas. No tecnicismo, a escola privilegia procedimentos e técnicas da tecnologia instrucional, modelando o comportamento dos estudantes e o supervisor é visto como um burocrata que necessita fazer com que as determinações do poder central se cumpram -
O cargo passa a ter funções específicas
O Conselho Federal de Educação aprova o Parecer nº 252, reformulando o curso de Pedagogia e criando as habilitações em inspeção, supervisão, orientação e magistério das disciplinas profissionalizantes dos cursos normais. O supervisor tem um papel controlador, contribuindo ainda mais para o isolamento de suas funções e facilitando a composição de uma figura mal vista e antipática aos olhos dos professores -
LDB enfatiza a formação profissional
Em 1971, é promulgada a Lei nº 5.692 que altera a estrutura do ensino fundamental no Brasil. A supervisão aparece nessa Lei apenas no que se refere a sua formação, no artigo 33: “a ser feita em curso superior de graduação, com duração plena ou curta, ou de pós-graduação” (BRASIL, 1971). Essa Lei não obrigou os sistemas de ensino a incorporar a supervisão em seu quadro de funcionários, já que discorreu apenas da formação do profissional -
Supervisores como agentes da fragmentação do ensino
Com a redemocratização do país, inicia-se um amplo debate sobre o sentido político da prática educacional e a divisão do trabalho na escola passou a ser questionada, já que a fragmentação do processo impedia a formação do homem integral. O contexto político da época favorecia um sentimento libertador e isso contribuiu para o repúdio ao especialista que controla, separa e dirige a ação docente. -
Extinção do cargo em algumas redes de ensino
Como as requisições da participação da comunidade na elaboração das regras passou a ser frequente, o cargo de supervisor, em algumas escolas foi extinto, principalmente no estado do Rio de Janeiro. Entretanto, os professores começaram a perceber a falta dos supervisores, pois prosseguia a necessidade de um profissional que articulasse a ação docente e cujo foco deveria ser a interdisciplinaridade e a gestão democrática de trabalho. -
Criação do cargo de coordenador pedagógico
O cargo de coordenador pedagógico é criado na rede municipal de São Paulo, em alguns Estados e municípios brasileiros respondendo às mudanças políticas e sociais da época. A função de coordenação pedagógica é indefinida em muitas localidades, sendo tomada por supervisor e vice-versa; e, em outros Estados e municípios as atribuições desse profissional é muito bem delineada. -
Época de redescobertas = profissional articulador das ações pedagógicas
A década de 90 é considerada como a época da redescoberta da coordenação, tendo sido considerada como um dos instrumentos imprescindíveis às mudanças educacionais. As reivindicações passam a solicitar por um profissional que seja um articulador e coordenador das ações pedagógicas. As reivindicações não se concretizaram, pois, sua atuação continuou a ser questionada. -
Coordenador pedagógico como produtor do conhecimento
No final dos anos 90, percebe-se uma ação coordenadora carente de fundamentação teórica e indefinida quanto ao seu objeto de trabalho. Portanto, o seu desfio era o de transformar a ação, por meio de conhecimentos técnicos e do destaque das relações interpessoais A prática autoritária que vinha marcando o exercício da função, até então, não era compatível com um sistema aberto de ensino, incorporado à sociedade e com ela comprometido. -
Coordenador pedagógico como articular do PPP e mudanças no pré-requisito para exercer o cargo
A LDB nº 9.394/96 estabelece que para exercer a função de coordenador pedagógico é preciso ter formação inicial em nível superior em Pedagogia ou Pós-Graduação. Segundo o Art. 67, o pré-requisito essencial para o exercício na função é a necessidade de experiência docente . A nova LDB permitiu que os profissionais participassem e elaborassem o projeto político pedagógico, possibilitando pela primeira vez uma parceria entre coordenador e professor. -
Novas Diretrizes para o curso de Pedagogia: extinção da Habilitação em Supervisão Escolar
O Conselho Nacional de Educação define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Pedagogia: os formados nessa área podem atuar em múltiplas funções na escola e os licenciados de outras graduações também podem obter a capacitação para atuar nos referidos cargos por meio de cursos de pós-graduação, especialmente estruturados para este fim. Há a extinção da habilitação em Supervisão Escolar e o curso de Pedagogia passa a formar professores para a atuação nos anos iniciais. -
Papel formador
Pesquisas (ALMEIDA, PLACCO E SOUZA, 2011; MONTEIRO, 2012) apontam o papel formador do coordenador: reunião de professores, observação e acompanhamento do docente, realização de encontros de orientação individual ao professor e organização de horários para próprio estudo. -
A realidade atual da coordenação pedagógica
Os coordenadores pedagógicos não têm uma regulamentação da profissão, falta uma boa fundamentação teórica que auxilie em sua prática educativa e assim desenvolva conhecimentos específicos referentes as suas atribuições. Além disso, sua formação enfrenta muitas dificuldades, pois depende de sua mobilização pessoal, já que falta apoio das instituições. E mesmo assim, recentemente tem recebido a incumbência de formar professores. -
O desafio atual
Atualmente, o desafio para coordenadores é ainda modificar suas relações de trabalho e por meio dela colaborar com a formação de professores; se qualificar enquanto agentes do processo do trabalho pedagógico e ainda, priorizar uma gestão democrática.