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460 BCE
Hipócrates
Considerado o pai da medicina, Hipócrates foi talvez a primeira pessoa a observar a melancolia (como era denominada a depressão) na história. A origem da palavra vem de mêlas = negro e kholê = bile. Segundo ele, a bile negra era um dos quatro humores que compõem o corpo humano junto com o sangue, a fleugma e a bile amarela. Em proporções corretas, esses fluidos determinariam a saúde humana, enquanto nos casos de enfermidade significaria um desequilíbrio entre esses elementos. -
384 BCE
Aristóteles
Em Problemata, Aristóteles questiona porque é tão comum encontrar um temperamento melancólico em filósofos, políticos, poetas e artistas. Para ele, esse grupo de pessoas excepcionais teriam uma quantidade excessiva de bile negra, o que as tornaria mais melancólicas, mais profundas em suas emoções e percepções da vida. -
128
Galeno
Galeno era um médico romano que teve influência duradoura no tratamento da melancolia. Assim como hipócrates, ele também acreditava que a melancolia e outras doenças mentais similares eram o resultado de um desequilíbrio no humor, entretanto, ele também especulava que algumas pessoas nascem com uma tendência a desenvolver a doença. -
360
Idade Média
A igreja passa a usar o termo acídia, que foi introduzido pelo monge Ioannes Cassianus, que deriva do grego e significa “falta de cuidado”. Acídia foi empregada de maneira imprecisa para designar preguiça, apatia, negligência, desatenção, torpor, perda da força moral etc. Muitos acreditavam que acídia nada mais era do que a perda da capacidade de resistir aos demônios. Ela chegou a ser considerada um dos sete pecados capitais por São Gregório, o Grande. -
476
Os árabes
Após a queda do Império Romano do Ocidente, muito do conhecimento científico na Europa foi perdido. Enquanto isso, as escolas islâmicas estudavam a fundo a medicina como ciência. No século VIII iniciou-se um movimento de tradução de obras gregas para a língua árabe e graças a esse movimento, diversos hospitais se disseminaram pelo mundo islâmico. Haviam discussões a respeito da melancolia e a teoria de Galeno era aceita e aplicada. Os doentes mentais eram tratados com respeito. -
1233
Inquisição
Os poucos conhecimentos científicos e o total domínio da igreja fez com que doentes mentais fossem vistos como hereges e, por sua vez, ambos recebiam a mesmo punição sendo torturados ou queimados vivos. Dentre as vítimas da Inquisição, estima-se que entre 70 e 300 mil mulheres foram executadas acusadas de bruxaria. Não há conhecimento de quantas dessas vítimas pudessem sofrer de depressão ou algum transtorno mental. -
1300
Renascimento
Com o resgate de princípios e valores gregos principalmente na arte e filosofia, pensadores renascentistas também atualizaram a sua visão sobre doenças mentais. Deixando de lado a visão da mente dividida entre Deus e o diabo, onde qualquer sinal de desequilíbrio psíquico era visto como pecado. A melancolia voltou a ser vista através das lentes aristotélicas e com mais atenção não apenas para o orgânico, mas também para a perspectiva filosófica e psicológica de quem sofre. -
Iluminismo
Na medicina nota-se um conhecimento cada vez mais avançado da anatomia humana. A partir da segunda metade do século, as idéias psiquiátricas são profundamente influenciadas por John Locke, que sugere que a loucura seria resultante de uma falha na associação das informações recebidas pelos processos sensoriais. Para William Cullen, importante médico escocês, na melancolia ocorreria uma alteração da função nervosa e nada tinha a ver com “humores”. -
A depressão no séc. XIX
A partir de 1860 termo melancolia vai sendo substituído pela depressão como é conhecida hoje. Jean-Etiénne Esquirrol, psiquiatra francês, afirmava que a psiquiatria deve ser entendida como uma medicina mental e que seu entendimento deveria ser através da anatomia cerebral, e não através de filósofos e religiosos. Em 1895, o psiquiatra alemão Emil Kraepelin foi o primeiro a separar a depressão da esquizofrenia e a categorizar os tipos de depressão baseados na sua gravidade. -
Freudianismo
Em contrapartida a psicobiologia de Kraepelin, estava a psicanálise de Freud, que acreditava que a origem da depressão e ansiedade estava no inconsciente. O tratamento poderia ser feito através de sessões de terapia abordando experiências da infância e acontecimentos que ajudaram a formar o caráter do paciente. -
Neurociência
Avanços na neurociência proporcionaram à comunidade científica conhecimento vasto sobre como funciona a mente humana. Com o entendimento de que diferentes partes do cérebro são responsáveis por diferentes comportamentos, tratamentos como eletrochoque e lobotomia eram utilizados na esperança de cura. Outro avanço do século XX foi a criação de um catálogo formal para classificar as doenças mentais. Enquanto isso, empresas farmacêuticas começaram a desenvolver drogas que poderiam alterar o humor. -
Anos 70
A indústria farmacêutica e pesquisadores começaram a apresentar evidência de que depressão nada mais era do que um desequilíbrio químico do cérebro e que as drogas certas poderiam curá-la. -
Anos 80
Após muitos debates entre os defensores da psicanálise e os da psicobiologia, o foco para o diagnóstico se voltou para investigar os sintomas ao invés das causas. Os Freudianos achavam mais adequado tratar as causas psicológicas da doença mental, enquanto os psicobiólogos argumentavam que os sintomas poderiam ser tratados com as drogas. Houveram também, muitas discussões sobre se novas categorias de doenças mentais deveriam ser criadas para facilitar os diagnósticos. -
Anos 90
Por fim, a psicobiologia saiu vitoriosa e o Transtorno Depressivo Maior se tornou uma doença separada da ansiedade e da neurose. A indústria farmacêutica tinha um interesse especial que as doenças mentais fossem mais especificadas porque elas só poderiam comercializar drogas se elas fossem indicadas para uma doença específica. Assim, com mais doenças reconhecidas, mais remédios seriam vendidos. -
Anos 00
Com a facilidade para diagnosticar a depressão, muitas pessoas que não estavam de fato deprimidas, podem ter sido erroneamente diagnosticadas. Em 2000, o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais fez algumas modificações para evitar que uma pessoa que estivesse com o humor baixo por conta do luto fosse diagnosticada com depressão. Entretanto, em 2013, sob críticas, o manual voltou atrás e agora pessoas passando pelo processo de luto podem ser diagnosticadas com depressão.