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PM comanda o Massacre da Praia Vermelha
Policiais invadem Faculdade Nacional de Medicina e agridem centenas de estudantes -
Ditadura impõe a sua Constituição
Arena encena farsa de Constituinte e aprova carta autoritária do regime. -
Nova lei criminaliza a livre expressão
Lei de Imprensa determina censura prévia de jornais e espetáculos. -
Jornalista critica Castelo e é preso
Lacerdista, Helio Fernandes chama general de "frio e ressentido"
Depois do acidente aéreo que matou Castelo Branco, Helio Fernandes escreve editorial na primeira página do jornal carioca "Tribuna da Imprensa": “Com a morte de Castelo Branco, a humanidade não perdeu coisa alguma. Com o ex-presidente, desapareceu um homem frio, impiedoso, vingativo, implacável, desumano, ressentido, cruel, frustrado, sem grandeza, sem nobreza, com um coração que era um verdadeiro deserto do Saara”. -
Governo impõe censura prévia à imprensa
Censoresse instalam nas redações; alternativos têm que mandar textos para Brasilia
O presidente Garrastazu Médici baixa o Decreto-Lei nº 1.077, que regulamenta a censura prévia a livros e periódicos. A partir daí, censores se instalariam nas redações de jornais e revistas. A eles caberia decidir o que poderia ou não ser publicado. A imprensa, por sua vez, foi obrigada a enviar os textos que apoiava publicar a Divisão de Censura do Departamento de Polícia Federal, em Brasília. -
Bispos condenam porões da tortura
Durante a 11ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a igreja católica toma posição contra o autoritarismo e divulga documento em que denuncia os abusos do regime militar sobre os direitos humanos e sociais. A hierarquia religiosa, que havia apoiado o golpe de 1964, voltava-se agora contra a violência da ditadura. -
Brasil tem imagem de país da tortura
A Comissão Internacional de Juristas, em Genebra, faz denúncia junto à Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre a prática de torturas pela ditadura brasileira. Em um documento preparado a partir de relatos de vítimas de violações de direitos humanos, a organização registrou a existência de esquadrões da morte e classificam a situação no Brasil como de "guerra civil". -
DOI-Codi, a máquina de torturar e matar
Ministro do Exército indicado pelo presidente Garrastazu Médici, o general Orlando Geisel cria o Departamento de Operações de Informação do Centro de Operações de Defesa Interna, o DOI-Codi. Inspirado no modelo da Operação Bandeirante (Oban), que reunia forças civis e militares, o DOI-Codi iria centralizar e organizar toda a repressão aos adversários do regime, sob o comando de Geisel e do chefe do Estado-Maior do Exército. -
Olho por olho, dente por dente
O industrial dinamarquês Henning Albert Boilesen, presidente do Grupo Ultra e membro da diretoria da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), é morto por um comando do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) e da Ação Libertadora Nacional (ALN).O industrial foi executado à luz do dia na capital paulista, na mesma alameda Casa Branca onde foi morto o líder da ALN Carlos Marighella, em novembro de 1969. Dos quatro participantes da ação, três seriam mortos nos dias seguintes pela repressão. -
Justiça e paz nasce em tempo de terror
Nasce a Comissão Justiça e Paz de São Paulo por iniciativa do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo da cidade. Ela tornou-se um símbolo de resistência contra o arbítrio e a violação dos direitos humanos pela ditadura militar, amparando centenas de perseguidos políticos e seus familiares. -
Tenorinho é morto em Buenos Aires
O pianista Francisco Tenório Júnior desaparece em Buenos Aires, onde participava de uma temporada musical com Vinícius de Moraes e Toquinho. Ao sair do hotel, deixou um bilhete no quarto de Vinícius: “Vou sair para comer um sanduíche e comprar um remédio. Volto logo”. Nunca mais foi visto. Sabe-se hoje que foi assassinado em dependências militares da Argentina. -
DOI-Codi comanda a chacina da Lapa
Agentes do DOI-Codi e do Dops invadem uma casa no bairro da Lapa, em São Paulo, e assassinam a tiros de metralhadora dois dirigentes do Partido Comunista do Brasil, Pedro Pomar e Ângelo Arroyo. Um terceiro, João Batista Franco Drummond, preso horas antes, foi torturado e morto na sede do DOI-Codi. Outros quatro líderes que haviam deixado a casa durante a madrugada foram seguidos, presos e torturados. A ditadura liquidou na Lapa o comando do PCdoB. -
País tem democracia 'relativa', diz Geisel
Um mês e um dia depois de fechar o Congresso e decretar o Pacote de Abril, o general presidente Ernesto Geisel diz a jornalistas franceses que o Brasil é uma democracia “relativa”. “Todas as coisas no mundo, exceto Deus, são relativas”, disse Geisel. “Então, a democracia que se pratica no Brasil não pode ser a mesma que se pratica nos Estados Unidos da América, na França ou na Grã-Bretanha”. -
Estudantes da UnB desafiam o regime
Na Universidade de Brasília (UnB), reina como reitor em 1977 um preposto do regime, o autoritário capitão-de-mar-e-guerra José Carlos Azevedo, ligado ao chefe do gabinete militar da Presidência, general Hugo Abreu. A universidade, que era considerada um centro de resistência ao regime, já havia sofrido três invasões desde o golpe de 1964 e tivera um de seus principais líderes estudantis, Honestino Guimarães, preso e desaparecido, em 1973. -
Polícia invade PUC-SP em noite de terror
Na noite de 22 de setembro de 1977, cerca de 2 mil estudantes de São Paulo e delegações de todo o país participam de ato público pela recriação da União Nacional dos Estudantes (UNE) em frente ao Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica (PUC), e são surpreendidos pela ação violenta de 3 mil policiais. -
Cães e bombas reprimem movimento popular
Milhares de pessoas participam de ato público em São Paulo organizado pelo Movimento Contra o Custo de Vida, entidade formada a partir de associações de bairro, com apoio da igreja católica e diversas organizações de esquerda. A Polícia Militar lançou bombas e cães contra a multidão, que se refugiou na Catedral da Sé. Entre as vítimas, havia donas de casa e crianças da periferia. -
Líderes exilados voltam para casa
O ex-governador do Rio Grande do Sul Leonel Brizola desembarca no aeroporto de Foz do Iguaçu (PR), encerrando um exílio de mais de 15 anos. Dez dias após a promulgação da Lei da Anistia, é o primeiro dos grandes líderes políticos cassados pelo golpe de 1964 a retornar ao Brasil. -
Vai passar a noite da ditadura militar
No apartamento de Tancredo Neves em Copacabana, no Rio, a família do futuro presidente e seus convidados celebram a passagem do Ano Novo ao som do recém-lançado samba "Vai Passar", de Chico Buarque e Francis Hime. A música havia tomado conta do país como símbolo da transição para o primeiro governo civil após 21 anos de ditadura militar. "Vai Passar" é uma alegoria crítica dos anos sombrios e é uma celebração da resistência e da esperança, características da produção musical de Chico Buarque.