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Primeiro general presidente da ditadura era o interlocutor dos EUA antes do golpe
Dois dias depois do Ato Institucional e da cassação de 40 parlamentares, o general Humberto de Alencar Castelo Branco é eleito presidente da República em votação indireta no Congresso Nacional. Candidato único, obteve 361 votos contra 72 abstenções, tornando-se o primeiro dos cinco generais presidentes em 21 anos de ditadura. -
Policiais invadem Faculdade Nacional de Medicina e agridem centenas de estudantes
Durante a madrugada, policiais militares derrubam o portão da Faculdade Nacional de Medicina, na Praia Vermelha, e invadem o prédio onde estavam cercados desde a véspera cerca de 600 estudantes. Concentrados no terceiro andar, os jovens foram obrigados a atravessar um corredor polonês e espancados indiscriminadamente até a saída da faculdade. Foi o primeiro grande confronto entre forças da repressão e estudantes depois do golpe de 1964 e ficou conhecido como Massacre da Praia Vermelha. -
Jango, JK e Lacerda criam Frente Ampla Líderes se articulam e lançam manifesto pela redemocratização
Lançado por Carlos Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubitschek, o manifesto da Frente Ampla marca o início de um processo de articulação de diferentes segmentos da oposição política à ditadura. Juscelino, Lacerda e Jango haviam sido, respectivamente, os principais líderes do Partido Social Democrático (PSD), da União Democrática Nacional (UDN) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), os três maiores partidos existentes antes de 1964. -
Repressão mata Rubens Paiva e monta farsa Agentes do DOI-Codi assassinam ex-deputado, escondem o corpo e encenam 'fuga'
Agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa) invadem a casa do ex-deputado cassado Rubens Paiva (PTB-SP), no Rio. Acompanhado pelos militares, Paiva sai de sua residência no bairro do Leblon dirigindo o próprio automóvel até o comando da 3ª Zona Aérea, onde seria interrogado e espancado. Dali, foi transferido para o quartel da Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita, bairro da Tijuca, onde funcionava o DOI-Codi. -
Vladimir Herzog é assassinado no doi-codi Jornalista morre sob tortura, polícia monta farsa e 8 mil fazem protesto na Sé
O jornalista Vladimir Herzog é torturado e morto nas dependências do DOI-Codi. Ele havia sido convocado na véspera a prestar depoimento, em mais uma etapa da ofensiva da repressão contra o PCB desencadeada em janeiro de 1974. -
País tem democracia 'relativa', diz Geisel Na fase mais autoritária do governo, general nega haver ditadura no Brasil
Um mês e um dia depois de fechar o Congresso e decretar o Pacote de Abril, o general presidente Ernesto Geisel diz a jornalistas franceses que o Brasil é uma democracia “relativa”. “Todas as coisas no mundo, exceto Deus, são relativas”, disse Geisel. “Então, a democracia que se pratica no Brasil não pode ser a mesma que se pratica nos Estados Unidos da América, na França ou na Grã-Bretanha”. -
Ato reorganiza o movimento negro Contra discriminação e violência racial, nasce o Movimento Negro Unificado
Militantes de grupos negros, estudantes, atletas, artistas e representantes de organizações culturais realizam em São Paulo uma grande manifestação contra o racismo. Em frente às escadarias do Teatro Municipal, mais de 2 mil pessoas protestaram indignadas contra episódios recentes de violência contra negros. O ato foi o marco da criação do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNUCDR), depois rebatizado simplesmente de MNU. -
A grande greve dos trabalhadores do ABC 200 mil cruzam os braços; ditadura reprime primeira greve geral dos metalúrgicos
Metalúrgicos de São Bernardo, Diadema, Santo André e São Caetano deflagram a primeira greve geral de uma categoria no país desde a paralisação de Contagem (MG), em 1968. A medida foi aprovada pelas assembleias dos três sindicatos do ABC, com o objetivo de obter um reajuste salarial de 78,1%. Mesmo enfrentando forte repressão e a intervenção do governo nos sindicatos, a greve durou duas semanas -
Vitória da oposição sinaliza fim da ditadura PDS perde controle da Câmara e dos grandes Estados; regime se aproxima do fim
A oposição alcança maioria na Câmara dos Deputados e conquista o governo dos dez maiores Estados nas eleições em todo o Brasil, superando as regras eleitorais restritivas. O PDS manteve o controle do Colégio Eleitoral que indicaria o sucessor do general presidente João Baptista Figueiredo em 1985, mas o projeto de sobrevivência da ditadura foi definitivamente comprometido pelo resultado das eleições. -
Tancredo negocia transição sem golpe Ministro do Exército anuncia que acatará resultado do Colégio Eleitoral
O ministro do Exército, general Walter Pires, divulga nota oficial afirmando que “o Exército mantém-se na firme disposição de apoiar o projeto da abertura do presidente João Figueiredo, que deverá se consolidar com a eleição do futuro presidente da República pelo Colégio Eleitoral, na forma da lei”. O comando da oposição interpretou a nota como sinal de que a vitória de Tancredo Neves, em 15 de janeiro de 1985, seria acatada pelos chefes militares.